domingo, 17 de abril de 2011

Dores Necessárias




Tem momentos em que o único modo de alguém nos proteger é nos causando dor, mesmo que sem querer, e há momentos que também acabamos machucando alguém que amamos tentando proteger, ou evitar que o sofrimento daquela pessoa seja maior do que o que provocamos.

Lembro-me de quando eu tinha uns 5 anos e brincava de bola com meu irmão no quintal, o portão estava aberto e de repente a bola saiu rolando para o outro lado da rua eu nem pensei duas vezes e sai correndo atrás da bola, só olhava para ela rolando asfalto a fora,  quando escuto uma freada estrondosa, levanto minha cabeça e viro o corpo dou de cara com um ônibus quase encostado ao meu corpo. Olhei de novo para a frente e continuei a correr em direção a bola, quando cheguei a calçada vi meu pai correndo em minha direção, olhei para o ônibus que continuava ali parado, e avistei o motorista passando uma toalhinha em seu rosto que transpirava, muitas pessoas que passavam na hora pararam e ficaram olhando e, eu não estava entendendo nada. Aquela santa ingenuidade de criança que antigamente, eram mais ingênuas do que as de hoje são, até que meu pai chegou ofegante até mim e me agarrou na maior brutalidade, olhou para o motorista e agradeceu, o motorista buzinou para ele e seguiu viagem. Meu pai me segurando firme me levou de volta para casa, assim que chegamos ao portão ele tirou o chinelo e me bateu ali mesmo na frente de todo mundo, dizendo “você quase morreu, o ônibus não te pegou por pouco”. Acredito que por alguns instantes ele achou que iria me perder... eu me desvencilhei dele e sai correndo para cama, aos prantos  cheia de raiva é claro, ele me deixou chorar um pouco e depois veio até mim, se sentou na cama e disse: “minha filha me desculpa por ter batido em você, tive que fazer isso para ter certeza que você jamais faria isso de novo, você poderia ter morrido” .Naquele momento me lembro que a raiva passou e eu voei nos braços dele, que estava tremulo e nesse dia, nesse momento, me senti a pessoa mais protegida e amada do mundo. Em toda a minha infância foi a única vez que me lembro do meu pai ter me batido.

É  uma pena que em muitos momentos da vida não usamos os aprendizados do passado. Durante a minha adolescência entrei em muitos atritos com meu pai e acho que a proteção dele acabou falhando. Pena que não usamos situações passadas como experiências, mas também sei que falhei ao não aceitar certas imposições que nos momentos até me fariam sofrer, mas serviriam para evitar dores maiores no futuro. Como algumas que me vejo passando agora.

Temos que ter mais paciência com quem nos amam, pois não são nossos inimigos, só estão tentado nos proteger das nossas próprias decisões erradas....

Encerro com aquele famoso ditado: Há males que vem para o bem.

Bjs e ótima semana


Paula de Paula
Edição: Simone Marck

2 comentários:

  1. minha amada amiga maravilho... A vida de cada um sempre será uma história para contar.POIS há momentos que vale a pena recordar e tirar uma lição deste processo de proteção tão simples e tão carinhoso , e aprendermos que na vida almejamos sempre por mais velhos q estejamos sempre esta proteção..... PARABÉNS !!

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  2. Entrei no teu blog por indicação de Kátia Damascena, jornalista que vive em Mato Grosso.
    Tinha certeza de que não seria tempo perdido pois conheço o perfeito português de Kátia e seu bom senso crítico. Não me enganei.
    Vc está de parabéns.
    Andrea - Tocanrins

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